Abaixo segue na íntegra a meditação bíblica do nosso guia pastoral, Rian Miranda, enviada para o I Retiro Espiritual deste corrente ano.
Prezados irmãos pastorais, saúdo-vos
com a graça e a paz de Deus, nosso Pai.
É com
alegria que hoje nos reunimos para vivenciarmos o primeiro retiro espiritual
deste ano que tem como tema central de meditação ‘Vós mesmos sois a nossa
carta, escrita em nossos corações’. Que este encontro de aprofundamento nos
seja propício, que ele nos enriqueça, que ele, sobretudo, renove a nossa fé e a
nossa esperança.
As palavras
do Apóstolo Paulo, contidas nos versículos 1 ao 11 do capítulo 3 de sua segunda
epístola aos Coríntios, são de natureza tão bela e profunda, as quais nos fazem
refletir sobre nossa missão de discípulos e missionários de Jesus Cristo.
Suas
primeiras palavras nos levam a pensar sobre a vaidade como também da acomodação
dos cristãos. A vaidade fita os nossos olhos tão somente nos elogios que
receberemos da comunidade por causa das nossas ações, ou mesmo nos elogios que
nós nos atribuímos a fim de engrandecer as nossas obras e torna-las vistosas à
sociedade a fim de que elas as aplaudam. O verdadeiro missionário deve sempre
fugir da vaidade, do orgulho, dos aplausos, dos elogios que muitas vezes
ofuscam nosso olhar para a simplicidade da fé e do serviço. Nossas ações de
agentes que levam a Palavra de Deus devem ser de ordem gratuita, sem espera de
recompensa e reconhecimento daqueles a quem, por meio das ações pastorais, nós
servimos. A verdadeira recompensa, oriunda do próprio Deus, se apresenta no
anonimato, no despojar-se, no servir sem esperar.
A comodidade
se é bem vista na vida de muitos cristãos. Todos conhecem os seus deveres de
anunciadores da graça, entretanto, muitos se obstinam de suas missões esperando
que outrem as façam ou mesmo se paralisam à espera de recomendações. Deus sopra
em cada um de nós e nos concede dons e carismas para que O possamos servir! Não
cruzemos os nossos braços esperando que outros cristãos façam a tarefa de
evangelizar se também e nosso dever; talvez aqueles que esperamos não realizem
as obras e, assim, a comunidade permanecerá sedenta da Palavra de Deus que
reluz em obras, palavras, atitudes e vidas. Tenhamos iniciativa! Sejamos os
primeiros a inovar, a servir, a despojar-se! Não permitamos que o tempo escape
de nossas mãos sem termos produzido frutos! Não esperemos que alguém recomende
nossas ações pastorais, mas supliquemos constantemente a Deus que Ele mesmo nos
inspire e nos impulsione a servir.
‘Nós mesmos
somos as cartas de Deus’ (cf. II Cor 3,2), escritas no Coração do Altíssimo
para que os homens dos nossos tempos possam ler o amor do Pai. Não fomos
escritos com tintas, com convicções humanas, com razão dos homens, mas ‘fomos
escritos com o Espírito de Deus vivo’ (cf. II Cor 3,3), Espírito este que nos
santifica, nos purifica, nos renova, nos fortalece, nos enriquece com virtudes
e dons. Deus quer fazer de nós suas epístolas, suas cartas direcionadas às
famílias de nossa comunidade, Ele quer escrever em nossos corações o seu
incondicional e imensurável amor, um amor que cura, um amor de salva, um amor
que liberta, um amor que restaura, um amor que une e gera paz. Deus quer
escrever em nossas vidas o seu perdão que é inesgotável, a sua compaixão que é
eterna, sua fraternidade que é luz, a sabedoria divina que é vida, a tolerância
e o respeito que são primícias da paz! Abramo-nos, portanto, e permitamos que
seu Espírito, ‘que atua na brisa leve e suave (cf. II Rei 19,11-13), faça de
nós fidedignas cartas que possam ser lidas por nossas famílias.
Não
deixemo-nos tornar cartas produzidas pela sapiência racional dos homens e por
seus conceptismos que em muitas ocasiões negam a grandeza de Deus. Não
permitamos que em nós sejam escritas frases de ordens de leis que escravizam,
escandalizam, excluem, enfadam e matam os filhos de Deus. Sejamos a voz do
Altíssimo!
Contudo, de
nada vale deixarmo-nos ser escritos por Deus e fecharmo-nos, guardando-nos em
gavetas empoeiradas. É necessário que as cartas, que somos nós, sejam
encaminhadas aos receptores necessitados, que sejam abertas e lidas por todos,
sem acepção de pessoas.
Assim como
nós temos o maior zelo possível ao escrevermos uma carta para quem muito
estimamos ou amamos, também o sejamos com nós mesmos, cartas de Deus. Não
obstante, jamais atribuamos os frutos das palavras contidas em nós à
bem-feitoria de nossas mãos, intelectualidade, conceitos particulares e
esforços do nosso corpo, afinal ‘nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos
fez aptos para ser ministros da Nova Aliança’ (II Cor 3,5-6).
Que nossa
Pastoral Familiar seja uma coletânea de cartas verdadeiras de Deus. Que ao
longo deste ano da graça do Senhor possamos nos abrir a fim de que muitos
possam ler em nós a mensagem do Evangelho, possam ver em nós os ensinamentos de
Jesus que apregoavam em todos o perdão, a compaixão, o respeito, a
fraternidade, o serviço, a humildade, o amor, ‘sobretudo o amor’ (cf. I Cor
13,13).
Despeço-me
rogando a todos vós, caríssimos irmãos pastorais, as mais copiosas e fecundas
bênçãos de Deus.
Pax et bonum!
Rian Miranda
Arruda de Carvalho Barros
Guia Pastoral